quinta-feira, novembro 23, 2006

Eu vou chamar o síndico...

Acho que uma certa questão já pairou a cabeça de muitos ouvintes de Jorge Benjor: "Esse cara gosta muito de mulher"... Só pode ser... Ouvindo principalmente o início da obra do mestre (e não do mestre-de-obra), nota-se que praticamente todas as músicas têm uma "morena que passa e não me olha"... Bom, normalmente nessa torre de babel que é o mundo da música, só mesmo um outro mestre pra desvendar essa questão tão intrigante: com vocês, "O Síndico":
ps. assista o vídeo até o final pra ter o segredo revelado de Jorge Ben

JORGE BEN E TIM MAIA - DO LEME AO PONTAL




Bonus Tracks: Pérolas do Vodu
Sequência matadora pra chorar...

JORGE BEN COM TRIO MOCOTÓ - BEBETE (1969)




Tim Maia Black Power, cantando muito, numa transmissão completamente maluca da TV Tupi em 1971... A equipe deve ter visitado as escadas de incêndio daquele prédio no Sumaré antes de gravar esse vídeo... Sensacional, assista até o final pois são várias surpresas... O começo parece estranho, mas siga em frente...

TIM MAIA - MEDLEY (1971)




Jorge Ben homenageia, ou se declara, a uma então recém-ex-vocalista dos Mutantes

JORGE BEN - RITA JEEP (1972)

sábado, novembro 18, 2006

Quem Pergunta o Que Não Deve...

O Site Vodu É Pra Jacu não poderia deixar de disponibilizar o vídeo que é a atual sensação do You Tube... O mestre Silvio Santos, em transmissão ao vivo, tenta adivinhar charada da platéia... Qual a diferença entre a mulher, o poste e o bambu?

Silvio Santos e o Bambu

Novidades do Sonic Youth

Pra cumprir – e encerrar – contrato com a gravadora, o Sonic Youth anunciou o lançamento de uma compilação de músicas que não saíram nos álbuns do grupo: 'The Destroyed Room: B-Sides and Rarities'... Segue abaixo a lista das músicas. Já dá pra ir garimpando na internet uma a uma...

'Fire Engine Dream' (2003, previously unreleased 'Sonic Nurse' outtake)
'Fauxhemians' (2001, from the 'Noho Furniture Sessions' and the 'All Tomorrow's Parties 1.1' compilation)
'Is It My Body?' (1991, from the 2 x 7" Alice Cooper Tribute)
'Razor Blade' (1994, B-side from the 'Bull In The Heather' single)
'Blink' (1999, from the 'Pola X' soundtrack)
'Campfire' (2000, from the 'At Home With The Groovebox' compilation)
'Loop Cat' (2003, Japanese bonus track from 'Sonic Nurse')
'Kim's Chords' (2003, Japanese bonus track from 'Sonic Nurse')
'Beautiful Plateau' (2003, Japanese bonus track from 'Sonic Nurse')
'Three Part Sectional Love Seat' (2001, previously unreleased track from the 'Noho Furniture Sessions')
'Queen Anne Chair' (2001, previously unreleased track from 'Noho Furniture Sessions')
'The Diamond Sea' (1995, LP version with alternative ending, B-side from 'The Diamond Sea' single)

segunda-feira, novembro 06, 2006

O Mestre


O que dizer sobre o grande mestre dos quadrinhos underground Robert Crumb?? Uma coisa: se você não conhece, vá atrás de conhecer agora mesmo. Há, por exemplo, vários livros lançados em português pela editora Conrad... Pode ir atrás que não tem erro. America e Blues, por exemplo, são sensacionais... Segue abaixo, presente de lambuja, entrevista feita por Crumb recentemente para o Jornal Folha de São Paulo.

Aproveitem a oportunidade, não é todo dia em que se pode acompanhar um pouco do que tem a dizer o recluso e carrancudo mestre. E ele ainda fala de música brasileira...

As aventuras de R. Crumb em pessoa
Pai das HQs alternativas fala sobre sua história, retratada no livro "Minha Vida", e seu atual projeto, uma versão ilustrada do Gênesis

A aversão do cartunista norte-americano Robert Crumb, pai dos quadrinhos underground e celebridade mundial desde a década de 70, ao contato com a imprensa cresceu na mesma proporção que sua fama. "Ser importunado por malditos jornalistas é um pesadelo. Desenvolvi um tremendo desprezo por jornalistas e gente de mídia. Acho que sou ingrato, né?", analisa ele em um dos textos autobiográficos que, somados a inúmeras histórias em quadrinhos centradas em si mesmo, compõem o recém-lançado álbum "Minha Vida".
Mas toda essa conversa é apenas uma das faces -a exagerada e bravateira- do personagem complexo que é Crumb, 62. Mesmo com sua editora avisando que o artista não daria entrevistas, quando ele finalmente atende ao telefonema da Folha, após sua mulher, Alice, fazer a gentileza de resgatá-lo de seu refúgio nas montanhas francesas, o homem que responde às perguntas é um sujeito calmo, risonho e que fala muito sobre qualquer coisa.
Na conversa entram em pauta sua vida, seu projeto atual (uma versão ilustrada do Gênesis), os recentes distúrbios sociais franceses e seu apreço pela música instrumental de Pixinguinha.

Folha - Sua mulher me disse que o senhor estava isolado numa cabana, preparando seu próximo livro. Esse é seu método de trabalho?
Robert Crumb - Não costumava ser necessário me isolar, mas agora é, porque sou muito popular, tem muita gente atrás de mim o tempo todo. Então, se eu quiser produzir bastante e me concentrar sem interrupções, é o que eu tenho que fazer.

Folha - E quando foi tomada a decisão de se esconder?
Crumb - Há cerca de seis meses. Um ano e meio atrás eu aceitei fazer um trabalho de grandes proporções, 200 páginas. Assinei contrato com a editora, disse que entregaria a obra em uns dois ou três anos, eles começaram a me pagar, mas eu simplesmente não conseguia começar a produzir por causa dessa loucura de gente me procurando a toda hora. Então Aline teve essa idéia de me isolar numa cabana para que eu pudesse produzir, e funcionou.

Folha - E sobre o que é seu próximo trabalho?
Crumb - Estou fazendo uma versão ilustrada do Gênesis.

Folha - Comprando briga com os religiosos?
Crumb - Estou andando em uma linha muito estreita. Não estou fazendo piadas sobre o livro, mas, ao mesmo tempo, não acredito que é a palavra de Deus, então não tenho reverência por ele. Sigo uma linha entre essas duas posições, o que é difícil, porque me sinto tentado a fazer piadas.

Folha - O senhor manteve o texto original?
Crumb - Cada palavra. Estou usando basicamente a versão judaica, a Torá, que é muito próxima da versão cristã, mas um pouco mais precisa, porque vários sábios judeus estudaram a versão mais antiga possível, escrita em hebraico, tentando encontrar o significado real das palavras.

Folha - É um livro aberto a interpretações?
Crumb - Exato. E minha versão é bem direta, até agora. Ainda que haja alguma nudez nela, não fiz nada muito chocante. Adão e Eva não usavam roupas, então os desenhei andando nus, mas não os mostrei transando ou algo do tipo. O que vai surpreender as pessoas, e me surpreendeu quando eu li, é a quantidade de coisas estranhas que estão no texto e que eu vou ilustrar detalhadamente.

Folha - O senhor teme algum tipo de protesto causado pela obra?
Crumb - É claro que algumas pessoas vão criticar, mas é um tipo de gente a que você nunca consegue agradar. Não ligo para elas.
Ainda não tenho certeza se, em algum ponto, vou desenhar alguma cena que torne o livro inapropriado para menores. Porque há algumas passagens que eu não defini como mostrar -por exemplo, como quando Onan decide não ejacular dentro de sua esposa e derrama sua semente no chão.

Folha - O senhor acha que "Minha Vida" decifra Robert Crumb?
Crumb - Não sei se os leitores vão entender quem eu sou, mas, no meu trabalho, sou bastante aberto sobre mim mesmo. Não fiz segredo de nada, todas as minhas obsessões estão lá. Sou muito mais sincero sobre o que sinto nos desenhos do que na vida real.

Folha - Em determinado momento do livro o senhor diz que qualquer um pode ser um cartunista. Sua profissão não requer talento?
Crumb -A idéia que eu tentei passar é a de que as pessoas não deveriam desistir de serem cartunistas por acharem que não têm um talento inato. A quantidade de entusiasmo que você tem pelo trabalho e a quantidade de esforço que coloca nele são o que fazem funcionar. Sirvo de exemplo: meu irmão Charles me forçava a desenhar muito quando criança, e foi isso que me fez criar histórias e pegar o gosto pela coisa.

Folha - O senhor se representa em seus personagens?
Crumb - Sim, todos são partes de mim. As pessoas me perguntam por que não desenhei cartuns sobre Nixon ou Reagan, ou Bush agora, e eu respondo que a única coisa sobre a qual consigo falar é sobre mim mesmo.

Folha - Mas agora o senhor está ilustrando o Gênesis. O que isso tem de representação pessoal?
Crumb - Talvez eu tenha me cansado de falar sobre mim mesmo.

Folha - Então há esperança de vermos quadrinhos sobre política?
Crumb - Não. Eu sou tão completamente alienado e desiludido com a política atualmente que não conseguiria fazer quadrinhos sobre políticos ou coisas

Folha - O senhor se mudou para a França cansado da vida e da política dominante nos EUA. Mas a Europa também teve recentemente a onda de protestos de imigrantes pobres. A situação não parece estar muito boa no continente.
Crumb - Em geral, essa nova geração de imigrantes islâmicos tem tido muita dificuldade em se adaptar à cultura francesa. E a França não acredita que deva mudar sua cultura para abarcar os valores islâmicos, pois não acredita nos valores dessa cultura. No fim das contas, acho que os jovens vão se adaptar aos valores franceses, que são muito melhores, mais civilizados e democráticos do que os do Marrocos ou da Argélia, por exemplo. Quando minha filha, Sophie, tinha 12 anos, convivia com garotos muçulmanos na escola, e eles costumavam recorrer à violência para resolver conflitos muito mais do que os garotos franceses. Isso é porque há muita violência na cultura deles, são notórios aqui os casos de garotas muçulmanas que apanham de seus pais, de seus irmãos, por ousarem sair com garotos franceses. Mas os garotos árabes se sentem livres para saírem com garotas francesas. É um grande choque de culturas, mas eles vão se adaptar, vão aprender a viver em uma sociedade que é mais evoluída em termos educacionais.

Folha - Mas é com esse tipo de discurso que o presidente Bush justifica sua luta contra o "império do mal", os "inimigos da democracia". O senhor não teme se aproximar tanto dele, ideologicamente?
Crumb - Bom, eles podem apontar esses detalhes culturais, que são verdadeiros, em parte, mas isso não é razão para uma invasão militar de outro país. Deixe que eles resolvam sua cultura como quiserem. Desde que não interfiram com a cultura dos outros, não devemos interferir com a deles.

Folha - Em "Minha Vida" o senhor fala sobre seu gosto peculiar por música do começo do século passado. Ainda continua assim?
Crumb - Tenho ouvido muita música antiga. E descobri discos brasileiros antigos que são fabulosos, maravilhosos, das décadas de 20 e 30. Ótima música, alguns cantores com bandas, algumas bandas com sopros, outras só com cordas. E tem esse excelente flautista negro, Pixinguinha, que é maravilhoso. Me interessei muito pelos discos, mas é difícil achar LPs brasileiros por aqui.